Não pelo puro acto de roubar.. mas porque concordo com todas as palavras, escolhidas a dedo, do Arrumadinho.
Eu sei que não há uma resposta, mas afinal o que é isso de amar alguém? Como é que se avalia, mede e pesa o amor de cada um, o nosso por alguém, o dos outros por nós?
Há os que dizem que amam porque repetem “amo-tes” a torto e a direito, quando toda a gente sabe que dizer “amo-te” pode valer de tanto quando dizer “vai à merda”. Quantos já gritaram “amo-te” e no dia seguinte estavam enfiados noutra cama? Palavras ajudam, mas não valem de tudo, é preciso que o “amo-te” não seja dito, mas sentido pelo outro no coração e na pele, no toque e no beijo, e nem tem de ser sentido todos os dias, mas sim na maior parte dos dias. Estes, os dos “amo-tes” a torto e a direito, podem ser uns tontos apaixonados, sinceros, mas apenas isso, endoidecidos pelo amor, e pronto, isso desculpa tudo, mas também podem ser uns falsos que se escondem atrás de uma palavra que sabem ser forte e usam-na como escudo de defesa para o dia em que forem confrontados pelo outro, o que ouve os “amo-tes” mas não se sente amado. “Porra, como é que dizes que eu não te amo, se eu digo que te amo todos os dias?!”. Uns pulhas.
Depois há os que dizem “amo-te” em falinhas mansas, palavras fofinhas, e acham que isso é que é o amor, e isso é que é suficiente, e isso é que é fazer com que o outro se sinta bem. Não cuidam, depois, de amar como deve de ser em tudo o resto, amar nos beijos e na cama, amar em conversas à mesa, no sofá, amar partilhando as coisas boas, as más e até as insignificantes - porque quando se ama tudo tem significado -, esquecem-se de amar ajudando nas coisas que custam, nas tarefas chatas, nos sacrifícios que, quando se ama, têm de se fazer.
Há os que amam e não dizem que amam, e não mostram que amam, mas no fundo amam, só que quando não o dizem, quando não o demonstram, quando não o transmitem de forma alguma, então, deixam que se perca a essência do amor, que é o fazer o outro sentir-se amado, é o calor das palavras e dos gestos. E aí, invariavelmente, o amor parte-se de um lado, e parte-se para sempre.
Os grandes amores não são aqueles que se constroem de grandes gestos isolados, de actos exibicionistas e hollywoodescos, aviões a transportarem frases românticas, jantares com violinos e noites de sexo louco numa suite de hotel. Essas são histórias que não se esquecem, que se partilham em festas do pijama entre amigas, são coisas que todos nós vivemos, com esta ou aquela pessoa, que permanece no nosso imaginário como um ser especial que um dia fez uma coisa diferente, tratando o tempo, muitas vezes, de apagar todo o mal que essa pessoa nos fez, e que levou a que, hoje, não estejamos com ela.
Os grandes amores são os que se controem diariamente, com interajuda e solidariedade, com altruísmo e partilha, com intimidade e compreensão, com espírito de sacrifício e amizade, com paixão e dedicação, com lealdade e fidelidade. Amar alguém é tudo isso. E tudo isto se faz com gestos, tudo isto se faz com palavras, tudo isto se faz, sobretudo, com o coração e com a razão.
No amor, muitas vezes, não basta amar, é preciso saber amar.
No entanto, resta-me dizer que, infelizmente, nem toda a gente se consegue aperceber disto!! Terminaria com, mais ou menos, o que o padre disse no casamento da minha irmã:
Quando perguntares a alguém porque se quer casar...
1) Se a pessoa responder que quer casar para ser feliz... está obviamente no caminho errado!
2) Apenas se deve dar esse passo quando pensarem que irão trazer felicidade ao outro!